"Quem acredita sempre alcança, nunca deixe que digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem ou que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém."

Doença de Chagas

DOENÇA DE CHAGAS


Definição:
É uma doença infecciosa e parasitária, que existe somente no continente americano. É causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida ao homem por insetos do gênero triatomíneo, conhecidos pela população rural no Brasil como “barbeiros”. Foi descoberta porCarlos Chagas, médico e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, em 1909, na cidade de Lassance, localizada na região norte de Minas Gerais.

Sintomas:
Na fase aguda da infecção, os principais sintomas podem ser: febre, aparecimento de gânglios, crescimento do baço e fígado, alterações elétricas do coração e ou inflamação das meninges nos casos graves, que duram em média de 3 a 8 semanas. Se o contato com o barbeiro for na região próxima ao olho, ocorre inchaço neste local (conhecido como "sinal de Romaña"). Se o barbeiro tiver picado a pessoa no braço ou nas pernas, forma-se um furúnculo, chamado de "chagoma de inoculação". Estes sinais constituem as chamadas "portas de entrada" aparentes da infecção.
Na fase crônica, a maioria (cerca de 70%) dos portadores da doença permanece durante longo tempo, em torno de duas a três décadas, sem apresentar nenhum sintoma, ou seja, sem nenhuma alteração de seu quadro clínico. Esta é a chamada forma assintomática ou indeterminada da doença.
Quando surgem os sintomas da fase crônica, eles estão relacionados a distúrbios no coração (forma cardíaca) e/ou no esôfago e intestino (forma digestiva). Nestes casos, a evolução da doença vai depender do grau de acometimento de tais órgãos e do recurso à assistência médica.

Quando o coração é atingido, o comprometimento pode se dar na parte elétrica e as queixas mais freqüentes são as palpitações (sensação de batida do coração fora do ritmo normal), as taquicardias (aceleração das batidas sem causa aparente), sensação de desmaio ou até desmaio propriamente dito (síncope). No comprometimento do músculo cardíaco, ocorrem sintomas como a falta de ar devido a médios e pequenos esforços físicos, tosse freqüente e inchação nas pernas e na barriga.
Nos casos de agressão cardíaca, a miocardiopatia dilatada é um fator de mal prognóstico, ou seja, indica prováveis complicações na evolução da doença, em especial quando há severa disfunção da capacidade de bombear sangue ou quando ocorrem arritmias graves, que podem levar à morte súbita.
A forma cardíaca é a principal causadora de limitações ao doente chagásico, pela incapacitação ao trabalho, e a principal responsável por casos fatais da doença.
A forma digestiva da doença é caracterizada pela dilatação do esôfago e/ou do intestino (respectivamente, mega-esôfago e megacólon), a qual tende a aumentar progressivamente ao longo dos anos.
Quando o órgão comprometido é o esôfago, a principal queixa é a dificuldade de engolir alimentos, especialmente sólidos, além da regurgitação após refeições. No caso do intestino, o indivíduo fica sem evacuar por longos períodos, responde muito pouco ao tratamento com dieta laxativa e necessita freqüentemente de lavagens por via retal.
É importante destacar que, apesar dos casos em que ocorrem alterações cardíacas e digestivas, a maioria dos indivíduos infectados com a doença de Chagas encontra-se na forma assintomática, ou seja, na condição de mero portador, sem repercussões importantes em seu ambiente familiar e de trabalho, mantendo-se nesta condição ao longo de toda a sua vida.

Transmissão:
A forma de transmissão mais conhecida é pela picada do inseto “barbeiro” contaminado pelo protozoário. Este inseto tem por hábito defecar após sugar o sangue das pessoas, o que ocorre habitualmente no período noturno, enquanto o indivíduo dorme o inseto infectado com o Trypanossoma cruzi, este parasito é eliminado em suas fezes e, pelo contato com o local da picada (que se dá geralmente no rosto, daí o nome de “barbeiro”), ao coçar, penetra na corrente sangüínea da pessoa. Existem outros meios de se transmitir a doença, são eles: a transmissão congênita, ou seja, da mãe chagásica para o filho durante a gravidez, aleitamento materno, transfusão de sangue, mediante a recepção de órgãos transplantados de indivíduos infectados, a contaminação em acidentes de laboratório, mais freqüente pela manipulação de material contaminado e a contaminação por ingestão de alimentos que contenham fezes de barbeiros infectados.

Prevenção:
Não há vacina e nem remédio para prevenir a doença. Várias tentativas foram feitas ao longo da década de 1980, porém nenhuns dos antígenos utilizados se mostraram adequados para tal propósito. O parasito apresenta vários mecanismos de escape que inviabilizam a ação da vacina.
Está sendo desenvolvida na França, por uma equipe do Instituto Pasteur, liderada pela brasileira Paola Minoprio, uma vacina experimental para combater a Doença de Chagas e também todas essas infecções parasitárias, mas nada confirmado quanto a sua eficácia. Ela permite que o organismo infectado pelo protozoário causador da moléstia produza anticorpos específicos contra ela. Normalmente, esse parasita dribla as defesas do organismo e induz a produção de anticorpos incapazes de neutralizar os agentes agressores.
A partir de experimentos com camundongos, a equipe conseguiu identificar o gene do protozoário que codifica uma proteína com propriedades mitogênicas (TcPA45). A partir daí, desenvolveram um modelo experimental de vacinação intramuscular com DNA contendo o gene.
Paola Minoprio afirma que, injetando pequenas doses dessa proteína no organismo, estimula os linfócitos B a produzir anticorpos específicos. Assim, uma resposta neutralizadora estará presente quando os parasitas entrarem em contato com o hospedeiro. Testes demonstraram que a vacina induziu uma diminuição de 85% dos níveis de parasitas circulantes após infecção.
A produção de mitógenos para confundir as respostas do sistema imune do hospedeiro é uma estratégia utilizada pela maioria das bactérias, fungos e vírus. A equipe de Paola Minoprio está trabalhando agora no isolamento dos genes de outros parasitas.
Já se tem os mitógenos isolados do parasita da malária, da candidíase e do vírus da peste porcina.

Diagnóstico
Existem dois tipos de métodos para o diagnóstico laboratorial da doença: os sorológicos e os parasitológicos.
Os métodos sorológicos são aqueles que buscam identificar, no sangue do indivíduo, a presença de anticorpos produzidos pelo organismo contra o Trypanosoma cruzi, evidenciando desta forma a contaminação pelo parasito. As técnicas atualmente mais utilizadas são a ELISA e a Imunofluorescência Indireta. Antigamente, se realizava a Reação de Fixação de Complemento, conhecida como reação de Machado e Guerreiro (nomes dos pesquisadores que a desenvolveram), mas esta técnica foi abolida há alguns anos.
As pessoas que estiverem com suspeita da doença devem procurar um Posto de Saúde da sua cidade para receber orientações de como fazer a pesquisa da doença.




Fonte:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. 4. ed. Brasília, 2004. 332 p. (B. Textos Básicos de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Tópicos de Saúde - D: doença de Chagas. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21951>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instituto Evandro Chagas.Boletim Informativo sobre vigilância epidemiológica da Doença de Chagas. Disponível em: <http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/siteiec/dchagas/files/folder chagas.pdf>. 

VALENTE, S. A. S.; VALENTE, V. C.; PINTO, A. Y. N. Epidemiologia e transmissão oral da doença de Chagas na Amazônia brasileira. Resumo de texto apresentado no Projeto de Tese de Doutoramento junto a FIOCRUZ/UFPa. Disponível em: <http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/siteiec/dchagas/files/opasaldoabr2006.pdf>. 

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