"Quem acredita sempre alcança, nunca deixe que digam que não vale a pena acreditar nos sonhos que se tem ou que seus planos nunca vão dar certo, ou que você nunca vai ser alguém."

sábado, 27 de setembro de 2014

Coqueluche: revisão atual de uma antiga doença


     A coqueluche é uma doença infecciosa causada pela Bordetella pertussis, e em casos raros pela Bordetella parapertussis. A Bordetella é um bacilo aeróbico gramnegativo, pleomórfico1. Após a década de 40, com o advento da vacinação (difteria, tétano e pertussis - DTP), o número de casos caiu drasticamente, porém aumento de casos são identificados a cada 2-3 anos.1 A doença ocorre em todo o mundo, aparentemente sem padrão sazonal.                  Alguns autores sugerem uma maior ocorrência no verão e outono. O número de casos vem aumentando de forma assustadora nos últimos 2 anos no Rio Grande do Sul (RS), no Brasil e no mundo. Cada vez mais deve-se buscar o diagnóstico precoce, o controle de contactantes com profilaxia e a vacinação das populações atualmente não vacinadas ou pouco vacinadas (adolescentes, adultos e gestantes).

A definição de caso segue os critérios a seguir:

Tosse por pelo menos 2 semanas e:
– paroxismos; ou
– guincho inspiratório com vômitos após, sem causa
aparente.

Critério laboratorial:

– Bordetella pertussis isolada em espécime clínica; ou
– reação de cadeia da polimerase positiva para B. pertussis.

Quadro clínico

A coqueluche tem duração de aproximadamente 6 a 12 semanas, e apresenta três estágios clínicos:

– Fase catarral, com duração de 7 a 14 dias: cursa com rinorreia, lacrimejamento, febre baixa, e no final desta fase inicia a tosse seca.

- Fase paroxística, com duração de 1 a 4 semanas: cursa com 5-10 episódios de tosse durante uma expiração, guincho na inspiração forçada, vômitos pós-tosse, paroxismos em torno de 30 episódios a cada 24 h (espontâneos ou por estímulo). Durante o paroxismo pode ocorrer cianose, olhos salientes, salivação, lacrimejamento e distensão das veias do pescoço. Normalmente a criança fica assintomática entre os episódios de tosse.

– Fase de convalescença, com duração de 1 a 2 semanas: cursa com diminuição da frequência e gravidade da tosse. Neste período o epitélio do paciente fica susceptível e pode ocorrer paroxismos novamente se o paciente apresentar uma infecção respiratória concomitante. É importante lembrar que lactentes menores de 6 meses podem apresentar uma clínica atípica, sem guincho. Muitas vezes apenas apresentando uma fase catarral mais curta, paroxismos sem guincho, cianose e ou apneia. Os pacientes maiores de 10 anos também apresentam uma clínica não tão intensa com paroxismos sem guincho. A vacinação prévia também pode atenuar o quadro clínico.

     As complicações em adultos e adolescentes são incomuns, mas incluem desde síncope e distúrbios do sono até fratura de costela. Lactentes podem apresentar quadros mais graves com pneumonia (22%), convulsões (2%) e encefalopatia (< 0,5%). Óbitos são raros e afetam principalmente menores de 6 meses. Pacientes no pós-coqueluche podem reapresentar tosse paroxística mesmo após estarem assintomáticos, caso apresentem uma nova infecção na via área (exemplo: Influenza), em virtude das alterações que persistem no epitélio do trato respiratório nos meses que seguem à coqueluche.

Diagnóstico laboratorial

     A cultura é um método de alta especificidade, porém vários fatores interferem na sua sensibilidade. Seu uso tem grande importância epidemiológica para a vigilância da sensibilidade da bactéria aos macrolídeos. A Tabela 1 mostra as características dos métodos disponíveis para o diagnóstico laboratorial da coqueluche. O meio mais fácil e sensível para o diagnóstico é através da PCR da secreção respiratória, mas a cultura também pode ser utilizada, porém esta pode ter sua sensibilidade
diminuída caso o paciente já esteja em uso de antimicrobianos ou em pacientes vacinados. A sorologia só tem benefício em pacientes vacinados há mais de 2 anos, e deve ser colhida em duas etapas, sendo a primeira amostra preferencialmente colhida na fase catarral. Com relação à PCR é importante ressaltar que ela detecta bactérias mortas e vivas. Podemos estar apenas diante de detecção de uma bactéria morta que causou infecção há algumas semanas. Por isso o teste deve ser
indicado somente quando a sintomatologia é condizente com coqueluche.

Tratamento

     É importante ressaltar que a evolução da doença só é modificada pelo antimicrobiano se iniciado na fase catarral. Quando iniciado tardiamente o antibiótico só evita que o paciente siga transmitindo a doença. Com relação aos macrolídeos, a resistência é rara, não devendo nos dias de hoje ser ainda motivo de preocupação. Pacientes menores de 6 meses que utilizaram macrolídeo no tratamento devem ser observados durante 30 dias, pelo risco de desenvolver estenose hipertrófica de piloro. O tratamento da tosse com outros medicamentos (corticoides, salbutamol) não se mostrou eficaz,

Prevenção, isolamento, quimioprofilaxia

     A transmissão ocorre através de gotículas produzidas durante o acesso de tosse, atingindo a via área do contactante susceptível. O paciente deve ficar afastado da escola ou do trabalho durante pelo menos cinco dias do início dos antibióticos. Na hospitalização, o mesmo período deve ser observado. A coqueluche tem uma taxa de ataque que varia de 70-100%, assemelhando-se a doenças de alta contagiosidade, como a varicela. Nem a infecção, nem a imunização conferem imunidade duradoura, portanto mesmo os pacientes com coqueluche devem revisar sua carteira de vacinação.
     A quimioprofilaxia, que é feita com os mesmos medicamentos e pelo mesmo tempo que o tratamento, deve ser indicada conforme abaixo:

– Independentemente da vacinação, mas até 21 dias do início da tosse no caso index: Para todos contactantes domiciliares, e contactantes próximos (creches).
– Após 21 dias do início da tosse no caso index somente nos de alto risco: Lactentes, gestantes, contactantes de lactentes.

Com relação à vacinação, as crianças devem receber a vacina DTP de células inteiras da pertussis ou DTPa com componente pertussis acelular aos 2, 4, 6 meses; primeiro reforço com 15 meses, e segundo reforço com 4-6 anos. É recomendado que o reforço entre 10 e 14 anos seja feito com a tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa), e não apenas com a forma dupla (difteria e tétano). Outras estratégias visam diminuir a circulação da Bordetella entre os adultos, como a vacinação dos profissionais da saúde, a vacinação das gestantes (após 20 semanas), e a vacinação dos adultos (pais, avós, irmãos, babás, etc.), que irão ter contato com crianças menores de 1 ano (estratégia cocoon/casulo). A coqueluche é uma doença de notificação compulsória, e sempre que o médico suspeitar do diagnóstico deve comunicar a Vigilância do município.

FONTE: Motta F & Cunha J. Coqueluche: revisão atual de uma antiga doença. Boletim Científico de Pediatria - Vol. 1, N° 2, 2012

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Ebola: Painel da OMS aprova uso experimental de remédios; 1.013 morreram

Através de um consenso unânime, o grupo de 12 membros reunidos pela agência da ONU afirma ser “ético” o uso de novos tratamentos para conter o surto.


Um painel de 12 membros reunidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chegou a um consenso unânime nesta terça-feira (12) de que é ético tratar os pacientes de ebola com remédios experimentais para conter o maior, mais severo e complexo surto do vírus na história.
“Há um acordo unânime entre todos os especialistas de que, dentro das circunstâncias especiais dessa epidemia de ebola, é ético oferecer intervenções não registradas como potenciais tratamentos ou prevenção”, disse a diretora-geral assistente para Sistemas de Saúde e Inovação da OMS, Marie-Paule Kieny.
Por meio de um comunicado divulgado ao final da reunião de dois dias, a OMS disse que “nas últimas décadas, os esforços de pesquisa têm sido investidos no desenvolvimento de medicamentos e vacinas para a doença do vírus ebola. Alguns deles têm mostrado resultados promissores em laboratório, mas ainda não foram avaliados quanto à segurança e eficácia em seres humanos”.
Kieny disse que vários destes tratamentos têm provado ser muito eficazes em primatas não humanos, mas nenhum foi testado em humanos e adicionou que atualmente não existem tratamentos licenciados ou vacinas para o ebola.
A OMS ressaltou que o critério ético deve estar presente em todas as intervenções futuras, incluindo “transparência sobre todos os aspectos do cuidado, consentimento informado, liberdade de escolha, confidencialidade, respeito pelo paciente e preservação da dignidade e envolvimento da comunidade”.
Na sede da ONU em Nova York, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, designou David Nabarro como coordenador da Organização para a doença do vírus ebola e pediu à comunidade internacional que responda urgentemente à falta de médicos, enfermeiras e equipamentos. O chefe da ONU solicitou também que as pessoas evitem o pânico e o medo relacionado à doença, lembrando que “o ebola já foi controlado com sucesso em outras partes e podemos controlá-lo aqui também”.
Segundo a OMS, o medo tem levado a parentes dos pacientes infectados a fugir do sistema de observação; famílias a esconder os seus entes queridos ou levá-los para serem cuidados por curandeiros; e pacientes a fugir de centros de tratamento.
Em seu último boletim, a agência da ONU disse que o atual surto de Ebola registrou, entre 7 e 9 de agosto, um total de 69 novos casos e 52 mortes, elevando o número total de casos para 1.848, com 1.013 mortes. O surto atinge quatro países na na África Ocidental: Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
Para mais informações, acessem o site: http://www.onu.org.br/

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Ebola: e agora?



      A pior epidemia de Ebola da história, como classificou Organização Mundial da Saúde (OMS), já infectou mais de 1 000 pessoas e matou ao menos 660 no oeste da África. A doença, para a qual não existe cura ou vacina, é conhecida por ser altamente transmissível e mortal: a taxa de óbitos entre infectados pode chegar a 90%.
      O vírus Ebola foi descoberto em 1976, quando houve 431 mortes. Desde então, os principais surtos aconteceram em 1995 (254 óbitos), 2000 (224) e 2007 (224), todos na África. O atual surto teve início em março na Guiné e, em maio, se espalhou para Serra Leoa após um curandeiro infectado transitar entre os dois países. Profissionais de saúde que ajudam a tratar pacientes infectados estão entre as vítimas, como o médico que liderava o combate à doença na Libéria, 



Propagação — Alguns fatores ajudam a explicar por que a epidemia cresceu tanto. Um deles é o fato de que, pela primeira vez, o vírus ultrapassou áreas rurais e chegou às capitais, onde a densidade demográfica é mais alta. "Os surtos anteriores foram localizados, o que facilitou o isolamento dos pacientes e o controle da doença", disse ao jornal britânico The Guardian Nestor Ndayimirije, representante da OMS. Além disso, crenças populares e falta de informação atrapalham o combate à moléstia. Como não existe prevenção contra a doença, medidas como identificar pessoas infectadas rapidamente e colocá-las em quarentena para evitar transmissão do vírus ajudam a controlar o surto. No entanto, nos países endêmicos, há relatos de pessoas que escondem familiares doentes; de pacientes que fogem do isolamento; e de famílias que mantêm o cadáver de um parente por vários dias em suas casas.
      A OMS afirma que divulgar o maior número de informações sobre a doença para a população é importante para prevenir os surtos de Ebola. Mas o baixo investimento em saúde nos países acometidos pela doença dificulta essa estratégia. Segundo reportagem da rede americana CNN, na Guiné, por exemplo, onde a expectativa de vida da população é de 58 anos, o governo gastou uma média em 7 dólares por pessoa em saúde em todo o ano de 2011. No mundo, a média em 2010 foi de 571 dólares per capita. Algumas autoridades de saúde africanas, porém, acreditam que os relatos de casos e mortes têm dado mais atenção ao Ebola. "Não estamos dizendo que está tudo bem, mas agora há menos pessoas morrendo em silêncio", disse Sakouba Keita, ministro da Saúde da Guiné.
Medidas — Um comunicado da OMS divulgado na semana passada exigiu que os governantes adotassem medidas "drásticas" para combater o surto atual diante da preocupação com a possibilidade de transmissão a países vizinhos. A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, anunciou o fechamento da maior parte das fronteiras terrestres do país. Os poucos pontos que não foram interditados, segundo ela, terão centros para auxiliar na prevenção da epidemia. Ellen também determinou que hotéis e restaurantes exibam a seus clientes um vídeo de 5 minutos contendo informações sobre a moléstia e proibiu eventos públicos e manifestações, para reduzir o risco de contágio.
Mundo — A OMS considera baixo o risco de contágio entre pessoas que viajam a regiões endêmicas, já que a transmissão do vírus acontece a partir do contato com fluidos corporais dos doentes (como sangue, suor, urina e saliva) – e não pelo ar.O Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos, acredita que o risco de o surto de Ebola se espalhar pelo país é remoto. Dois americanos contraíram o vírus na Libéria, onde estão recebendo tratamento.

O Ebola é transmitido de pessoa para pessoa principalmente a partir do contato direto com sangue, secreções e outros fluidos corporais de pessoas infectadas. A transmissão também pode acontecer a partir do contato com ambientes e objetivos contaminados por esses fluidos, como roupas. Segundo a OMS, não há risco de contágio no período de incubação do vírus — ou seja, entre a infecção e os primeiros sintomas. No caso do Ebola, esse tempo pode variar de 2 a 21 dias. A doença costuma aparecer com quadros de febre, fraqueza e dores musculares, de cabeça e de garganta. Em seguida, surgem sinais como náusea, diarreia, feridas na pele, problemas hepáticos e hemorragia interna e externa. O tempo entre a infecção pelo vírus e o os primeiros sintomas variam de 2 a 21 dias.

quarta-feira, 2 de julho de 2014




   A Liga Acadêmica de Medicina Tropical do Tocantins tem a honra de ter o trabalho intitulado Relato de experiencia da Fundação de uma Liga Acadêmica de Medicina Tropical aceito para apresentação no 44º Encontro Científico dos Estudantes de Medicina que ocorrerá na cidade de Brasília entre os dias 23 e 31 de Julho, o trabalho será apresentado pelo acadêmico Carlos Augusto Bucar Neto, presidente da liga.

   A Liga gostaria de agradecer em especial a Professora Drª Maribel Fernández Fernández pelo apoio em mais está empreitada.

domingo, 29 de junho de 2014

Pessoal, entramos de férias, entretanto o trabalho na área da saúde nunca pára não e mesmo? Trouxemos para vocês uma noticia saída da fornalha, divulgada no dia 28 de junho. Estamos avançando no tratamento de nossos pacientes, vamos que vamos......

Pacientes com AIDS começam a receber o medicamento 3 em 1


O Ministério da Saúde iniciou a oferta da dose tripla combinada, o chamado três em um, dos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). Atualmente, esses fármacos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e consumidos, separadamente, pelos pacientes com portadores de HIV e aids. O novo tratamento será ofertado, em um primeiro momento, para dois estados que possuem as maiores taxas de detecção. A dose fixa combinada será disponibilizada gradativamente aos demais estados do país. 
O principal ganho com o novo medicamento antirretroviral está na redução do número de pacientes que deixam de dar continuidade ao tratamento. Isso porque a disponibilidade das três composições em um único comprimido facilita a ingestão permitindo boa adesão ao tratamento e durabilidade do esquema terapêutico.
Essa combinação de medicamentos integra o Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e Aids do Ministério da Saúde, publicado em dezembro de 2013, e será disponibilizado como tratamento inicial para os pacientes soropositivos. Considerado um importante avanço, o Brasil passa a garantir o tratamento três em um, a exemplo de países como Estados Unidos, China e África.

Fonte: http://www.blog.saude.gov.br/

domingo, 4 de maio de 2014

HIV/AIDS: Novo protocolo beneficia crianças e adolescentes


HIV/AIDS: Novo protocolo beneficia crianças e adolescentes


O Ministério da Saúde liberou nesta quarta-feira (23) novo protocolo de tratamento e acompanhamento, que beneficiará mais de 21 mil crianças com HIV e aids. A principal novidade é a definição de uma primeira linha de tratamento para recém-nascidos que, a partir de agora, iniciam o tratamento com AZT (Zidovudina) por quatro semanas. Essa indicação é aplicada aos filhos de mães soropositivas que foram acompanhadas desde o pré-natal e que tenham carga viral do HIV abaixo 1.000 cópias no último trimestre de gravidez. Hoje, estão em tratamento com antirretrovirais, aproximadamente 10 mil crianças e adolescentes.
Já no caso das gestantes que não receberam antirretroviral durante a gravidez é recomendado aos bebês a utilização de AZT por quatro semanas, acompanhado de Nevirapina em três doses. Antes, a recomendação era de uso do AZT durante seis semanas. A faixa etária considerada para o protocolo é de recém-nascidos até os 17 anos.
Outra inovação é a indicação do início do tratamento para crianças acima de um ano, com carga viral superior a 100 mil cópias (quantidade de HIV que circula no sangue, considerada alta e que sugere o progresso da doença nas crianças). Também é recomendado o início de tratamento para todas as crianças com idade superior a cinco anos com CD4 abaixo de 500.
A contagem de linfócitos T CD4+ (CD4) indica como está a resposta do sistema imunológico ao vírus, permitindo ao médico monitorar a saúde de paciente que toma os antirretrovirais. Antes, o critério considerado era a contagem de CD4 abaixo de 350. A portaria 12/2014 que aprova o novo documento foi publicada nesta quarta-feira no Diário Oficial da União (DOU).
“Nos últimos anos tivemos um cenário de mudanças clínicas e epidemiológicas que trouxeram novos desafios aos profissionais envolvidos no cuidado de crianças e adolescentes com HIV e aids. Esse novo cenário proporcionou o sucesso na prevenção da transmissão vertical, principal mecanismo de aquisição do HIV em pediatria, levando a uma significativa redução dos casos novos, com estabilização nos últimos anos” explicou o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa. O objetivo do documento é orientar os profissionais de saúde no cuidado de crianças e adolescentes com aids nesse novo panorama.
Apoio - Além da definição da primeira linha de tratamento antirretroviral, o novo protocolo amplia as recomendações sobre diagnóstico, manejo da falha terapêutica, adesão, revelação diagnóstica, toxicidade, coinfecções, infecções oportunistas e abordagem aos adolescentes. O documento ficou em consulta pública por um período de 30 dias.
Desde o final da década de 1990, o Ministério da Saúde publica recomendações para tratamento de crianças e adolescentes infectados pelo HIV e aids, baseadas nas evidências científicas vigentes. Periodicamente, há a atualização com a inclusão das informações sobre os avanços ocorridos nas orientações para o tratamento e acompanhamento das crianças expostas e infectadas pelo HIV.
A partir de 2013, os antigos consensos terapêuticos passam a ser elaborados na forma de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), publicados em portaria, após período de 30 dias de consulta pública, em que a sociedade pode inserir as suas contribuições ao documento.
O texto completo da proposta do novo protocolo encontra-se disponível no endereço eletrônico:www.saude.gov.br/consultapublica. A partir de agora, o protocolo deve ser utilizado pelas secretarias estaduais e municipais de saúde na regulação do acesso assistencial, autorização, registro e ressarcimento dos procedimentos correspondentes. Os gestores estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS) deverão estruturar a rede assistencial, definir os serviços referenciais e estabelecer fluxos para atendimento aos indivíduos com a doença em todas as etapas descritas no protocolo.

Fonte: Luciano Leite e Nivaldo Coelho / Agência Saúde
http://www.blog.saude.gov.br/index.php/programasecampanhas/33883-hiv-aids-novo-protocolo-beneficia-criancas-e-adolescentes

sábado, 3 de maio de 2014

EUA confirmam primeiro caso da síndrome Mers

Governo americano confirmou primeiro caso de Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) nos Estados Unidos


Um funcionário da saúde que viajou à Arábia Saudita se tornou nesta exta-feira o primeiro caso confirmado nos EUA da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), uma doença muitas vezes fatal, disseram funcionários dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

O paciente viajou em um voo da British Airways em 24 de abril de Riad a Londres, onde fez uma escala no aeroporto de Heathrow a caminho dos Estados Unidos. Ao chegar a Chicago, ele tomou um ônibus para uma cidade cujo nome não foi revelado, no Estado de Indiana.
Em 27 de abril, ele passou a apresentar problemas respiratórios, além de febre, tosse e falta de ar. De acordo com o Departamento de Saúde de Indiana, o homem visitou a unidade de emergências do Community Hospital, em Munster, em 28 de abril, e foi internado no mesmo dia.
Como ele havia viajado para o exterior, os funcionários da área de saúde fizeram exames relacionados à síndrome e enviaram as amostras aos CDCs, que confirmou a presença do vírus nesta sexta-feira.
A Mers é semelhante à Síndrome Respiratória Aguda Severa (Sars) que apareceu na China em 2002-2003 e causou a morte de cerca de 800 pessoas. O vírus foi detectado pela primeira vez na Arábia Saudita em 2002.
A doutora Anne Schuchat, diretora do Centro Nacional para Imunização e Enfermidades Respiratórias dos CDCs, disse em uma conferência telefônica que o primeiro caso da Mers nos EUA era de "grande preocupação devido à sua virulência", já que é fatal em cerca de um terço das infecções.
Ela acrescentou que o caso representa "um risco muito baixo para o público em geral", mas que a Mers costuma se espalhar entre profissionais da saúde e não há tratamentos conhecidos contra o vírus.

Fonte:http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/eua-confirmam-primeiro-caso-da-sindrome-mers

sábado, 26 de abril de 2014

DOENÇA DE CHAGAS


DOENÇA DE CHAGAS




Definição:
É uma doença infecciosa e parasitária, que existe somente no continente americano. É causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida ao homem por insetos do gênero triatomíneo, conhecidos pela população rural no Brasil como “barbeiros”. Foi descoberta porCarlos Chagas, médico e pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, em 1909, na cidade de Lassance, localizada na região norte de Minas Gerais.

Sintomas:
Na fase aguda da infecção, os principais sintomas podem ser: febre, aparecimento de gânglios, crescimento do baço e fígado, alterações elétricas do coração e ou inflamação das meninges nos casos graves, que duram em média de 3 a 8 semanas. Se o contato com o barbeiro for na região próxima ao olho, ocorre inchaço neste local (conhecido como "sinal de Romaña"). Se o barbeiro tiver picado a pessoa no braço ou nas pernas, forma-se um furúnculo, chamado de "chagoma de inoculação". Estes sinais constituem as chamadas "portas de entrada" aparentes da infecção.
Na fase crônica, a maioria (cerca de 70%) dos portadores da doença permanece durante longo tempo, em torno de duas a três décadas, sem apresentar nenhum sintoma, ou seja, sem nenhuma alteração de seu quadro clínico. Esta é a chamada forma assintomática ou indeterminada da doença.
Quando surgem os sintomas da fase crônica, eles estão relacionados a distúrbios no coração (forma cardíaca) e/ou no esôfago e intestino (forma digestiva). Nestes casos, a evolução da doença vai depender do grau de acometimento de tais órgãos e do recurso à assistência médica.

Quando o coração é atingido, o comprometimento pode se dar na parte elétrica e as queixas mais freqüentes são as palpitações (sensação de batida do coração fora do ritmo normal), as taquicardias (aceleração das batidas sem causa aparente), sensação de desmaio ou até desmaio propriamente dito (síncope). No comprometimento do músculo cardíaco, ocorrem sintomas como a falta de ar devido a médios e pequenos esforços físicos, tosse freqüente e inchação nas pernas e na barriga.
Nos casos de agressão cardíaca, a miocardiopatia dilatada é um fator de mal prognóstico, ou seja, indica prováveis complicações na evolução da doença, em especial quando há severa disfunção da capacidade de bombear sangue ou quando ocorrem arritmias graves, que podem levar à morte súbita.
A forma cardíaca é a principal causadora de limitações ao doente chagásico, pela incapacitação ao trabalho, e a principal responsável por casos fatais da doença.
A forma digestiva da doença é caracterizada pela dilatação do esôfago e/ou do intestino (respectivamente, mega-esôfago e megacólon), a qual tende a aumentar progressivamente ao longo dos anos.
Quando o órgão comprometido é o esôfago, a principal queixa é a dificuldade de engolir alimentos, especialmente sólidos, além da regurgitação após refeições. No caso do intestino, o indivíduo fica sem evacuar por longos períodos, responde muito pouco ao tratamento com dieta laxativa e necessita freqüentemente de lavagens por via retal.
É importante destacar que, apesar dos casos em que ocorrem alterações cardíacas e digestivas, a maioria dos indivíduos infectados com a doença de Chagas encontra-se na forma assintomática, ou seja, na condição de mero portador, sem repercussões importantes em seu ambiente familiar e de trabalho, mantendo-se nesta condição ao longo de toda a sua vida.

Transmissão:
A forma de transmissão mais conhecida é pela picada do inseto “barbeiro” contaminado pelo protozoário. Este inseto tem por hábito defecar após sugar o sangue das pessoas, o que ocorre habitualmente no período noturno, enquanto o indivíduo dorme o inseto infectado com o Trypanossoma cruzi, este parasito é eliminado em suas fezes e, pelo contato com o local da picada (que se dá geralmente no rosto, daí o nome de “barbeiro”), ao coçar, penetra na corrente sangüínea da pessoa. Existem outros meios de se transmitir a doença, são eles: a transmissão congênita, ou seja, da mãe chagásica para o filho durante a gravidez, aleitamento materno, transfusão de sangue, mediante a recepção de órgãos transplantados de indivíduos infectados, a contaminação em acidentes de laboratório, mais freqüente pela manipulação de material contaminado e a contaminação por ingestão de alimentos que contenham fezes de barbeiros infectados.

Prevenção:
Não há vacina e nem remédio para prevenir a doença. Várias tentativas foram feitas ao longo da década de 1980, porém nenhuns dos antígenos utilizados se mostraram adequados para tal propósito. O parasito apresenta vários mecanismos de escape que inviabilizam a ação da vacina.
Está sendo desenvolvida na França, por uma equipe do Instituto Pasteur, liderada pela brasileira Paola Minoprio, uma vacina experimental para combater a Doença de Chagas e também todas essas infecções parasitárias, mas nada confirmado quanto a sua eficácia. Ela permite que o organismo infectado pelo protozoário causador da moléstia produza anticorpos específicos contra ela. Normalmente, esse parasita dribla as defesas do organismo e induz a produção de anticorpos incapazes de neutralizar os agentes agressores.
A partir de experimentos com camundongos, a equipe conseguiu identificar o gene do protozoário que codifica uma proteína com propriedades mitogênicas (TcPA45). A partir daí, desenvolveram um modelo experimental de vacinação intramuscular com DNA contendo o gene.
Paola Minoprio afirma que, injetando pequenas doses dessa proteína no organismo, estimula os linfócitos B a produzir anticorpos específicos. Assim, uma resposta neutralizadora estará presente quando os parasitas entrarem em contato com o hospedeiro. Testes demonstraram que a vacina induziu uma diminuição de 85% dos níveis de parasitas circulantes após infecção.
A produção de mitógenos para confundir as respostas do sistema imune do hospedeiro é uma estratégia utilizada pela maioria das bactérias, fungos e vírus. A equipe de Paola Minoprio está trabalhando agora no isolamento dos genes de outros parasitas.
Já se tem os mitógenos isolados do parasita da malária, da candidíase e do vírus da peste porcina.

Diagnóstico
Existem dois tipos de métodos para o diagnóstico laboratorial da doença: os sorológicos e os parasitológicos.
Os métodos sorológicos são aqueles que buscam identificar, no sangue do indivíduo, a presença de anticorpos produzidos pelo organismo contra o Trypanosoma cruzi, evidenciando desta forma a contaminação pelo parasito. As técnicas atualmente mais utilizadas são a ELISA e a Imunofluorescência Indireta. Antigamente, se realizava a Reação de Fixação de Complemento, conhecida como reação de Machado e Guerreiro (nomes dos pesquisadores que a desenvolveram), mas esta técnica foi abolida há alguns anos.
As pessoas que estiverem com suspeita da doença devem procurar um Posto de Saúde da sua cidade para receber orientações de como fazer a pesquisa da doença.


Fonte:
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças Infecciosas e Parasitárias: guia de bolso. 4. ed. Brasília, 2004. 332 p. (B. Textos Básicos de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Tópicos de Saúde - D: doença de Chagas. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21951>.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Instituto Evandro Chagas.Boletim Informativo sobre vigilância epidemiológica da Doença de Chagas. Disponível em: <http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/siteiec/dchagas/files/folder chagas.pdf>. 

VALENTE, S. A. S.; VALENTE, V. C.; PINTO, A. Y. N. Epidemiologia e transmissão oral da doença de Chagas na Amazônia brasileira. Resumo de texto apresentado no Projeto de Tese de Doutoramento junto a FIOCRUZ/UFPa. Disponível em: <http://iah.iec.pa.gov.br/iah/fulltext/siteiec/dchagas/files/opasaldoabr2006.pdf>. 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Vírus 'primo' do HIV é suprimido em estudos com macacos nos EUA

Injetar partes de anticorpos em um indivíduo com o vírus da Aids poderia ser uma forma de ajudar combater o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no futuro, apontam dois novos estudos publicados na revista "Nature".
Cientistas fizeram esse teste em macacos rhesus, que tiveram seus níveis do Vírus da Imunodeficiência Símia (SIV) – "primo" do HIV – reduzidos significativamente. A tática também poderia contribuir para destruir o vírus da Aids em seus "esconderijos" dentro do corpo, algo que os medicamentos atuais ainda não conseguem fazer.Os anticorpos são proteínas no sangue que se agarram a micro-organismos específicos e os marcam para que sejam eliminados. Pessoas infectadas com o HIV produzem naturalmente anticorpos para combater o vírus, mas eles geralmente são ineficazes. Nessas pesquisas, porém, foram usadas versões de anticorpos raros, com grande potencial de destruição.
Um dos trabalhos – liderado por Dan Barouch, da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard e do Centro Médico Beth Israel, em Boston – mostrou um profundo efeito a partir de uma única injeção de anticorpos. Ao todo, 18 macacos foram infectados com o SIV e, após uma semana de tratamento, 13 deles tiveram os níveis do vírus no sangue praticamente indetectáveis pelos testes padrões.
Após os anticorpos terem se esgotado, porém, o vírus voltou. Isso ocorreu em um a três meses depois do tratamento. Apesar disso, em três animais que tinham os níveis mais baixos de SIV antes da terapia, o vírus não reincidiu durante um período de observação de até oito meses.
Segundo Barouch, os macacos não foram "curados", mas o tratamento aparentemente melhorou o sistema imunológico dos bichos o suficiente para manter o vírus sob controle.
Dois outros macacos que tinham os maiores níveis de SIV ao começarem a receber cuidados tiveram a quantidade de vírus reduzida, mas não a ponto de se tornar indetectável.
De acordo com a pesquisa, os níveis de SIV caíram mais rápido nos macacos do que faria o HIV em humanos. Além disso, quando o vírus voltou, ele geralmente não retornou ao patamar pré-tratamento. Barouch também encontrou taxas mais baixas de SIV em células e tecidos após a terapia.
O outro estudo, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA, mostrou resultados animadores em um pequeno grupo de macacos.
Para o pesquisador Steven Deeks – da Universidade da Califórnia, em San Francisco –, que comentou os trabalhos na "Nature", os resultados dos dois estudos são "provocativos" em relação às perspectivas para atacar os esconderijos do HIV.
"Esses estudos levantaram mais perguntas do que responderam. Mas é assim que a ciência avança", disse.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Novo anel intravaginal pretende prevenir HIV e gravidez indesejada

Produto deve ter primeiros ensaios clínicos em mulheres no início de 2014.
35,3 milhões têm HIV e 87% das gestações não são planejadas, diz OMS.

Um novo anel intravaginal foi desenvolvido para agir contra o vírus da Aids e gravidez indesejada ao mesmo tempo. O produto, apresentado esta semana na reunião anual da Associação Americana de Cientistas Farmacêuticos, no Texas, deve começar a primeira fase de ensaios clínicos em mulheres no início de 2014. As pacientes serão divididas em dois grupos: um receberá esse anel de dupla proteção e o outro, apenas prevenção contra o HIV.

Segundo os cientistas, da organização de pesquisa em saúde reprodutiva Conrad e da Universidade de Utah, o anel de poliuretano foi desenvolvido para durar 90 dias, período no qual deve liberar alta dosagem da substância anti-HIV tenofovir e baixa dosagem do contraceptivo levonorgestrel, um tipo sintético de progesterona (hormônio feminino).
O tenofovir é o único composto que tem se mostrado eficaz para redução da transmissão sexual do HIV quando formulado em gel. E os níveis da substância liberados pelo anel intravaginal foram iguais ou até superiores aos da aplicação em gel, destacaram os pesquisadores Meredith Clark e David Friend, da Conrad.
A equipe responsável pelo trabalho realizou testes in vitro e comparou os resultados com estudos farmacocinéticos (o caminho que um medicamento percorre no organismo, desde a ingestão até a excreção) feitos durante três meses em coelhos e ovelhas.
Para Meredith, a necessidade desse anel surgiu porque a maioria das gestações indesejadas no mundo ocorre em regiões pobres onde a pandemia de HIV é mais prevalente, como a África Subsaariana.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atualmente existem 35,3 milhões de pessoas vivendo com o vírus da Aids em todo o mundo e cerca de 87% das gestações por ano não são planejadas pelos casais.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Aids está entre principais causas de doenças incapacitantes na América Latina

A doença continua a ser uma das principais causas de perda de saúde, especialmente para pessoas com idades entre 25 e 45 anos.


O comportamento da contaminação da aids está mudando no mundo, exigindo mais atenção e investimentos em países que há alguns anos registravam baixos índices e passaram a apresentar níveis epidêmicos. A informação faz parte do estudo O Peso do HIV: Percepções a partir do Estudo Global sobre o Peso de Doenças 2010, do Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME), da Universidade de Washington.
Apesar da queda global generalizada nas taxas de mortalidade pela doença, entre 2006 e 2010, as mortes em decorrência da aids aumentaram em 98 países. O estudo mostra que a contaminação pelo vírus cresceu principalmente em nações que não tinham sido afetadas pela epidemia em décadas anteriores. O HIV é a principal causa do surgimento de doença em 21 países, concentrados em quatro regiões: África Oriental e Austral, África Central, Caribe e Sudeste Asiático.
De acordo com a pesquisa, em quatro dos 17 países da América Latina (Colômbia, Honduras, Panamá e Venezuela), a aids aparece como uma das dez principais causas de doenças incapacitantes e em outros sete países, está no ranking das 25 principais causas de enfermidades, como a Bolívia, o Brasil, Equador, a Guatemala, o Paraguai e Peru.
O estudo enfatiza que apesar dos progressos em políticas públicas no combate à mortalidade, a doença continua a ser uma das principais causas de perda de saúde, especialmente para pessoas com idades entre 25 e 45 anos.
A pesquisa considera como perda de saúde a relação entre os anos de vida perdidos por morte prematura e anos vividos com incapacidade por pessoas com o vírus da aids, o que permite comparações entre diferentes populações e condições de saúde.
Em 2010, 20% da perda de saúde devido ao HIV foram registrados em países onde o vírus não estava entre as dez principais causas de doenças. Em 2005, esse percentual era 15,5%. De acordo com o documento, a Venezuela está entre os países latino-americanos mais afetados pelo HIV. A doença foi responsável por 3,6% do surgimento de casos de outras enfermidades em 2010 no país.
"Houve uma redução no mundo da mortalidade por aids, que ainda é, no entanto, a principal responsável por doenças incapacitantes em 21 países a maioria desses, africanos mas também em locais como a Tailândia e diversos países do Caribe. Acredito que foi surpreendente ter tantos países afetados dessa forma pela aids na América Latina", disse a pesquisadora do IHME e líder do estudo, Katrina Ortblad.
"A principal mensagem do estudo é que o vírus HIV não desapareceu. Apesar de avanços, com esforços governamentais e mudança de comportamento da população, a aids é a quinta principal causa de doenças em todo o mundo, considerando tanto as mortes quanto os anos de incapacidade prematura", acrescentou.
Apesar de ainda registrar taxas elevadas de contaminação, o Brasil e o México estão em uma tendência de queda acentuada, com redução da mortalidade em 45,3 % e 69,2 %, respectivamente, do ano de pico até 2010. De acordo com o instituto norte-americano, o Brasil atingiu o auge de contaminação em 1996, e o México em 1998.
"O Brasil tem feito grandes progressos no combate ao HIV, comparando com outros países latino-americanos a redução dos níveis de mortalidade é impressionante. Nós também comparamos os avanços do Brasil com os demais países do Brics, como China, Rússia e Índia", destacou a pesquisadora.
Em 15 dos 17 países latino-americanos, a tendência é queda de mortalidade por aids. Chile e Guatemala são as exceções. Nesses países, as mortes pela doença ainda estão crescendo.
Na Argentina, embora a taxa de mortalidade tenha atingido o pico há 12 anos, a doença foi a sexta maior causa de problemas de saúde de homens e mulheres na faixa etária de 35 a 39 anos em 2010, aumento de 490% desde 1990.
Embora o estudo tenha detectado a alta de contaminação da doença em países da América Latina, ele não explica os motivos do aumento.
O estudo descreve avanços no cenário global da aids. Ao atingir o ápice mundial de contaminações em 2006, a doença está diminuindo a uma taxa média anual de 4,17%. Segundo a pesquisa, o bom resultado no combate pode ser atribuído ao financiamento global e à consciência política.
No entanto, a doença continua a ser uma ameaça à saúde na África, no Caribe e na Tailândia. O instituto estima que em 2012 ocorreram mortes em decorrência do vírus em 186 países.
A pesquisa faz parte de um projeto colaborativo de cerca de 500 pesquisadores de 50 países liderados pelo IHME, da Universidade de Washington. De acordo com o instituto, trata-se de um esforço científico sistemático para quantificar os níveis e as tendências de perda de saúde devido a doenças, ferimentos e fatores de risco.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Pela primeira vez, casos de pacientes com vírus da Aids caem 33%, registra ONU

Pela primeira vez, casos de pacientes com vírus da Aids caem 33%, registra ONU



Pela primeira vez, a ONU (Organização das Nações Unidas) anuncia que o ritmo de registro de casos de Aids no mundo teve uma queda. Em um desempenho considerado histórico, o número de novas infecções de pessoas com o HIV caiu 33% em pouco mais de uma década, entre 2001 e 2012, e o de mortes foi reduzido em 30%. Os novos casos de crianças infectadas também caíram 52%.

Os dados fazem parte de um informe divulgado hoje e no qual a Unaids — agência da ONU de combate à doença — apresenta novas projeções sobre a epidemia. Apesar dos resultados inéditos, a entidade alerta que o mundo precisa fazer mais.

Em 2001, 3,4 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e, em 2012, a taxa caiu para 2,3 milhões. Em ao menos 26 países, a queda foi superior a 50%. No total, o número de pessoas infectadas, porém, continua subindo porque a sobrevida aumentou com o acesso ao tratamento. Em 2001, 30 milhões de pessoas no mundo viviam com o HIV — em 2012, eram 35,2 milhões. Desde o início da epidemia, 75 milhões de pessoas já foram infectadas.


Funcionários da ONU não escondem que os números são surpreendentes — há apenas alguns anos, poucos imaginariam que a redução seria possível. A mudança aconteceu em grande parte graças à decisão da entidade de adotar o modelo brasileiro de garantir acesso ao coquetel antirretroviral como uma estratégia mundial. O tratamento ajudou também a barrar a contaminação.

Em 2005, 1,3 milhão de pessoas tinham acesso a remédios no mundo. No fim do ano passado, o número chegou a 9,7 milhões. “Mas, apesar dos ganhos históricos em expandir os serviços de tratamento, o esforço para garantir um acesso universal enfrenta desafios consideráveis”, alerta a Unaids.

A mortalidade caiu de forma importante. Em 2001, 1,9 milhão de pessoas morreram em decorrência da Aids e, em 2012, foram 1,6 milhão. Desde o pico da epidemia, em 2005, o número de mortes caiu 30%.

Um dos dados mais comemorados é o de casos de novas crianças infectadas. Entre 2001 e 2012, a redução foi de mais de 50%, para um total de 250 mil.

Investimento

Parte do sucesso obtido se deve ao volume de recursos destinados para o combate à Aids. Em 2002, existiam R$ 8 bilhões para atacar a doença. Hoje, são quase US$ 19 bilhões. Para 2015, a Unaids estima que serão necessários até R$ 48 bilhões.

O Brasil aparece como o País com o maior orçamento nacional para o combate à doença entre as economias emergentes. Houve queda de 30% no número de mortes. Por ano, são mais de US$ 745 milhões — a China, com população seis vezes maior, investe US$ 497 milhões. A Unaids, porém, alerta que o País, mesmo com todo o dinheiro investido, corre o risco de não atingir algumas das metas mundiais de redução até 2015.


No caso do Brasil, a agência mostra que o total da população contaminada não mudou entre 2001 e 2012, com 0,4% dos brasileiros sendo registrados como portadores do vírus. Em números absolutos, houve um aumento. Em 2001, estimava-se que entre 430 mil e 520 mil pessoas viviam com Aids no Brasil. Em 2012, o volume subiu para um intervalo entre 540 mil e 660 mil.

Mas, assim como no caso mundial, o aumento no número de pessoas vivendo com o vírus da Aids no Brasil em parte também é resultado de um prolongamento da vida daqueles afetados pela doença. Os números de mortes anuais no Brasil por causa da doença passaram de um máximo de 27 mil, em 2001, para 19 mil em 2012. A queda estimada é de 29,6%.

Se a redução no Brasil segue a tendência mundial, a Unaids deixa claro que o governo precisa fazer novos esforços para conseguir avançar com o tratamento, ainda que o País seja considerado o modelo que inspirou toda a resposta internacional da última década.


Hoje, cerca de 307 mil adultos recebem gratuitamente o tratamento contra a Aids, mas o número de pessoas precisando de assistência pode chegar a 370 mil em 2015. A agência da ONU recomenda que o Brasil concentre seus esforços em garantir um acesso pleno ao tratamento até 2015.


Fonte: http://noticias.r7.com/saude/pela-primeira-vez-casos-de-pacientes-com-virus-da-aids-caem-33-registra-onu-23092013 

sábado, 19 de abril de 2014

Butantan inicia testes de vacina contra dengue em humanos

A vacina já foi testada com sucesso nos EUA e demostrou eficácia contra os quatro vírus da dengue conhecidos.

         Pesquisadores do Instituto Butantan em conjunto com National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos conseguiram autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Nos Estados Unidos para iniciar testes com nova vacina contra dengue no País. A vacina já foi testada em animais e em seres humanos nos EUA com resultados positivos.
          Os vírus foram identificados e modificados nos Estados Unidos e encaminhados para o Instituto Butantan, onde foi realizada a cultura e a produção da vacina brasileira. A vacina que foi testada nos voluntários americanos foi produzida nos Estados Unidos e, lá, demonstrou ser imunogênica (as pessoas produziram anticorpos contra os quatro tipos de vírus). Agora, os pesquisadores irão testar a vacina produzida no Brasil em brasileiros. "Os EUA não são um país endêmico de dengue. Por isso é importante testar a vacina no Brasil, em uma população exposta ao risco de contrair dengue", afirma Alexander Precioso, diretor da Divisão de Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Instituto Butantan.
           Os testes realizados no Brasil correspondem à fase II do estudo, que está dividida em duas partes. Em um primeiro momento, 50 voluntários que nunca tiveram dengue serão vacinados. "Esse perfil é mais parecido com o perfil dos voluntários dos EUA, então vamos ter uma boa comparação", explica Precioso. Esses primeiros voluntários serão recrutados pelo Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). São adultos, de ambos os sexos e saudáveis.
          A segunda parte do estudo vai aplicar a vacina em outros 250 voluntários, recrutados pelo Instituto Central e pelo Instituto da Criança, ambos do HC da FMUSP, e pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribierão Preto (HCFMRP). Esses voluntários também serão adultos, mas podem ou não ter tido dengue antes. O objetivo da fase II dos estudos, segundo Alexander, é demonstrar o perfil de segurança da vacina, ou seja, identificar possíveis efeitos adversos tanto no local de aplicação como os efeitos sistêmicos, e verificar se ela é capaz de levar à produção do anticorpo.
          Após o teste nos 300 voluntários, terá início a fase III do estudo. Nessa fase, será recrutada uma quantidade muito maior de voluntários, representando outras regiões do Brasil e diferentes faixas etárias. Depois dessa terceira etapa, os resultados estatísticos poderão dizer se a vacina realmente funciona. Se a vacina for eficaz e segura, ela poderá, finalmente, ser registrada pela Anvisa. "A intenção do Instituto Butantan é disponibilizá-la para o Ministério da Saúde para que ela entre no calendário nacional de vacinação", espera Precioso. A expectativa é que a vacina esteja disponível para a população em 2018.
Quatro vírus
          Para Precioso uma das principais dificuldades encontradas na produção da vacina é a existência de quatro tipos de vírus que causam dengue - cada um com características próprias. "A vacina precisa proteger as pessoas contra os quatro vírus ao mesmo tempo", explica o médico.
          Existem diferentes abordagens para a obtenção de uma vacina: uso de proteínas recombinantes, inativação ou atenuação do vírus, entre outras. Na vacina testada pelo Instituto Butantan, os quatro vírus foram atenuados, ou seja, sofreram modificações específicas em seu genoma que os tornaram menos ativos. Assim, o organismo de quem tomar a vacina vai identificar os vírus enfraquecidos e passar a produzir anticorpos contra eles, sem, entretanto, desenvolver a doença. "O critério de escolha [para essa abordagem] do Instituto levou em conta a parceria de pesquisa que existe entre o Butantan e o NIH, e o fato de acreditarmos que o uso dos vírus atenuados teriam o potencial de causar a imunidade desejada", relata o pesquisador.